quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Arcaísmo, Neologismo e a Cerveja.

Há mais ou menos dez anos atrás, folheando uma revista em uma livraria, me deparei com um artigo interessante que trazia algumas palavras de diferentes culturas com significado muito peculiar, e a única de que nunca me esqueci foi “Olfrygt”.  Vem do dinamarquês arcaico, é uma palavra Viking para expressar o medo de faltar cerveja. Achei aquilo genial, dá pra imaginar a importância que a bebida tinha para os caras?
Assim como os pioneiros Portugueses “criaram” a palavra saudade para expressar a falta que sentiam de casa quando vieram ao Brasil pela primeira vez, os Nórdicos, popularmente conhecidos como Vikings, nomearam o temor que muitos já sentiram de a cerveja não ser suficiente. Desde então, já que nunca me esqueci da palavrinha Olfrygt, tal qual no filme do DiCaprio, acho que ideia de impedir que a cerveja acabe foi pouco a pouco se desenvolvendo no meu subconsciente, até que culminou no inevitável; “Fabrique a Cerveja!”. Se os Egípcios faziam há mais de 5.000 anos, não deve ser impossível.
E de fato não é, apesar de dar trabalho. Começamos a “brincadeira” há mais ou menos 6 meses e já são mais de 180 Litros, aproximadamente 300 garrafas de cerveja de 10 diferentes estilos, e então decidi finalmente começar a escrever sobre o tema. Pretendo com o Blog apresentar e compartilhar um pouco do que tenho aprendido sobre Universo Cervejeiro, que vai muito, mas muito além do que normalmente encontramos nas prateleiras do supermercado.  
Continuando com as palavras estranhas, imagino que alguns talvez não tenham entendido muito bem o nome do Blog e vou chutar que isso se deva por culpa do termo “Brassadores”. Você provavelmente não o encontrará no dicionário, caso procure. Os cervejeiros artesanais brasileiros “sofrem” com a falta de palavras  em português que correspondam a diversos termos da produção de cerveja em inglês, sendo obrigados muitas vezes a se utilizarem de expressões em inglês. Até uns 5 anos atrás os cervejeiros brasileiros enfrentavam a falta de um verbo no nosso idioma que fosse equivalente ao inglês “to brew” , quando usado no sentido de fazer o mosto da cerveja.
Como as cervejarias brasileiras usavam a palavra brassagem para exprimir o ato de fazer o mosto da cerveja que irá ser fermentado, acabou-se convencionando chamar o ato de fazer uma brassagem de “brassar” uma cerveja. Criou-se um verbo, ainda que extraoficialmente. E quem brassa, é um brassador, certo? Errado não pode estar.
Pintura do Antigo Egito retratando egípcios bebendo cerveja.
E como é legal brassar uma cerveja, repetir um processo que vem sendo praticado há mais de 5.000 anos quase que da mesma maneira, apenas utilizando-se de ferramentas mais modernas. É fácil compreender porque a cerveja era considerada o presente mais adequado a ser dado a um Faraó Egípcio, além de ser ofertada aos deuses; tem “um quê” de alquimia em se fazer uma brassagem, misturar vários grãos moídos com água, lúpulo e outros ingredientes, ferver tudo e deixar fermentando e no final obter uma bebida bonita de espuma cremosa, com odores e sabores dos mais variados e que ainda por cima deixa bêbado!
Hieróglifos Egípcios relacionados a cerveja. 
Apesar de ser presente de Faraós e oferenda de deuses, a cerveja sempre molhou desde a barba do rei até a do mendigo, fazendo parte do cardápio diário de todas as classes sociais de toda civilização antiga que conhecia a bebida. E continua sendo assim até hoje, podemos encontrar desde cervejas baratas que estão ao acesso de quase todo mundo no boteco mais próximo, até cervejas que custam centenas de reais o litro.

E é sobre esse universo repleto de mitos e curiosidades que este Blog tratará. Por hoje é só, pessoal,  muito breve retornarão Os Bravos Brassadores Bêbados com mais novidades!