sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Chope Blonde Ale

Amostra Maltes Utilizados
Ainda não postei nenhuma Brassagem por aqui para fazer jus ao nome do Blog, mas isso acaba hoje!
Não quero fazer um texto muito técnico para que todos possam aproveitar e não só os homebrewers, mas alguns detalhes mais específicos não podem ficar de fora para que o texto também possa auxiliar quem faz cerveja em casa.
A estreante será uma Blonde Ale que não vai para a garrafa e sim para o barril! É um estilo suave e refrescante, m
uito bom para se beber o dia todo em um churrasco.
Mas não é porque será uma cerveja fácil de beber que precisa ser sem graça, então para aumentar a complexidade aromática e de sabor, além da base de Maltes Pilsen (Inglês e Belga), decidi adicionar um pouco de malte Vienna (alemão), que além de contribuir para a cor dourada deverá aumentar a presença adocicada de malte na cerveja, dando toques de biscoito. E para deixar tudo um pouco mais interessante, Malte de Centeio belga, que também vai contribuir para a cor, além de dar um toque de sabor único de centeio.
      








O Lúpulo escolhido combina com a proposta da cerveja até no nome, é uma variante Australiana
 chamada "Summer" que possui um forte aroma frutado que remete a damasco e melão. Esses aromas deverão ser mais pronunciados depois que o processo de Dry Hopping estiver finalizado. Amargor não é uma característica que estou buscando nesta leva, apesar de o estilo pedir um nível de amargor que varia de 15 a 28 IBUs, que para cervejeiros mais experientes já não é um nível muito alto, para muitas pessoas mais pode ser amargor demais, então vamos deixar o nível de IBUs entre 9 e 10 que está dentro da faixa das populares American Lagers.
       


Starter
O lúpulo deverá ser notado muito mais no aroma do que no paladar, então optamos por uma cepa de leveduras Americanas que propicia um aroma muito limpo, perfeito para destacar o lúpulo. Como a produção foi de mais de 80 litros precisamos fazer a propagação das leveduras por um processo chamado "starter", para elevar o número de células viáveis que seriam inoculadas no mosto até a quantidade necessária. Para isso, ao invés de utilizarmos extrato de malte utilizamos o meio para Starter  da Dr.Yeast que é um laboratório brazuca de manipulação de leveduras. Além de fornecer o meio necessário para elas se reproduzirem possui uma tantada de nutrientes que eles prometem contribuir muito e em diversos aspectos com a fermentação.

       
       

A brassagem foi feita com recirculação constante de baixo para cima. O foco foi a "beta-amilase" que extrai açúcares mais fermentáveis dos grãos, gerando uma cerveja mais leve e refrescante. Tudo correu bem, a lavagem dos grãos foi feita por meio de Fly Sparge e seguimos para a fervura, que foi branda para evitar qualquer caramelização, o que não é desejado nesse estilo.

Utilizamos a técnica de "First Wort Hopping" para a primeira carga de lúpulos e as demais adições se concentraram todas no final da fervura já que não se busca amargor e sim aroma e sabor.





Terminada a fervura rapidamente resfriamos o mosto para 23 Graus ao mesmo tempo que o oxigenamos e em seguida inoculamos as leveduras.
A fermentação se iniciou em pouco mais de 12 horas após a inoculação e se manteve constante e vigorosa por mais de uma semana, agora a atenuação está finalizando e em breve iniciaremos o Dry Hopping para completar o aroma de lúpulo. Depois que isso acontecer atualizarei a coluna novamente com os detalhes e assim sucessivamente até finalmente beber esta danada.

















**Atualização***
Realizamos o Dry Hopping com o Summer e seguimos direto para a maturação.
Depois de maturar por cerca de 20 dias, filtramos, embarrilamos em 4 Kegs de 20L e realizamos a carbonatação forçada.

Finalmente pronto para ser bebido, está excelente!
Com espuma abundante e coloração dourado intenso, levemente turva em função do Dry Hopping, que funcionou como eu esperava pela quantidade de lúpulo usado, facilmente nota-se o aroma lupulado, porém é suave.
O sabor ficou deliciosamente complexo, pode-se perceber algo que quase lembra tuti-fruti em função do lúpulo e que logo da lugar ao sabor do Centeio e do malte Vienna. A carbonatação deixou a cerveja leve e refrescante, perfeita para ser bebida o dia todo. Está uma delícia!


       Dados Técnicos:

-Aparência: Coloração Dourada, suavemente opaca - SRM: 4,5 - EBC -9 - Espuma branca abundante e persistente.
-IBU: 9,5 - Este foi o único Atributo que ficou um pouco abaixo dos parâmetros do estilo, mas isso foi proposital. Como o chope será bebido por quem não tem o hábito de beber cervejas lupuladas, um amargor mais elevado talvez causasse estranhamento.
-Teor Alcoólico: 4.8% Abv



 
       

          
       

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Kölsch Abaixo de Zero

            Uma das primeiras coisas que aprendemos quando estamos iniciando no Universo Cervejeiro é que as temperaturas extremamente baixas não são tão aliadas da cerveja quanto costumávamos crer. Na realidade, apenas uma parcela dos diversos estilos de cerveja existentes é que são apropriados para serem consumidos "estupidamente gelados". Isso ocorre porque nossas papilas gustativas acabam sendo anestesiadas quando entram em contato com o líquido muito gelado, o que nos impede de sentir os sabores mais complexos que uma cerveja mais elaborada possui. 
             Mas o tema da postagem, apesar de ainda ser gelado, é outro, nessa semana subestimamos nosso novo fermentador e o resultado foram mais de 80 litros de Kölsch totalmente congelados, senhores! Precisamos descartar tudo, uma tragédia! 

Aviso: As imagens a seguir são fortes.



              Aconteceu o mesmo que acontece quando se esquece uma garrafa de refrigerante no congelador e ela congela completamente;  quando começa a descongelar, o xarope derrete primeiro e se separa da água, detonando a coisa toada. Aqui foi exatamente isso. Na foto ao lado, o que parece espuma na verdade é gelo. A água ficou congelada e o que derretou foi uma espécie de xarope de malte. 




               
              








 
              Precisamos circular água morna pelo fermentador para acelerar o derretimento pois levaria alguns dias até que esse negócio retornasse ao estado líquido. 
                   Pois é meus amigos, nem tudo são flores na vida do cervejeiro!